Elba de Pádua Lima, mais conhecido como Tim, paulista de Ribeirão Preto, nasceu no distrito de Rifaina em fevereiro de 1916. Aos 12 anos jogava no infantil do Botafogo local e três anos depois já estava no time principal, desbancando o antigo ídolo, o meia-esquerda Piquitote. Em 1934 foi para a Portuguesa Santista por 500 mil réis mensais e, mesmo jogando num clube modesto, mostrou futebol suficiente para chegar à Seleção Paulista.
Era um grande driblador e sua jogada mais temida era quando partia com a bola dominada para cima de seu marcador. Seu característico corte seco para os dois lados deixava os adversários sem ação. Mesmo num pequeno espaço, sua colocação em campo o transformava num terrível abridor de defesas, seus passes desnorteavam os zagueiros e sua presença diante do gol fazia dele um goleador implacável. Era um craque completo.
Foi campeão brasileiro em 1935 e chegou à Seleção Brasileira no ano seguinte, consagrando-se no Sul-Americano de Buenos Aires como "El Peón" - apelido que ganhou da imprensa argentina por conduzir o time "como um peão conduz a manada".
Trata-se de mais um integrante do time tricampeão do Campeonato Carioca em 1936, 1937 e 1938 pelo Fluminense, entre outros títulos que veio a conquistar por este clube.
Tim disputou a Copa do Mundo de 1938 na França. Na Copa acabou na reserva, pois a ala esquerda preferida dos cartolas (botafoguenses, na sua maioria) era formada por Perácio e Patesko. Segundo Leônidas da Silva, na França, Tim vencia também a concentração, pulando a janela do hotel para farrear.
Fluminense de 1941: Em pé: Malazzo. Norival. Spinelli. Capuano. Renganeschi. Afonsinho e o técnico Ondino Vieira. Agachados: Pedro Amorim. Russo. Tim. Romeu e Carreiro.
Na volta, Tim viveu o apogeu de sua carreira, ganhando o bicampeonato de 1940 e 41 e sendo um dos heróis do famoso Fla-Flu decisivo de 1941, inesquecível devido às bolas que os atletas tricolores chutaram para a Lagoa Rodrigo de Freitas, para garantir o empate de 2 x 2 que lhes daria ao título.
Tim foi ainda ao Sul-Americano de 1942 e dois anos depois, já beirando os 30, deixou sua vaga na Seleção para Jair da Rosa Pinto. Jogou em 1944 no São Paulo e no ano seguinte novamente no Botafogo. Do Olaria carioca foi-se juntar a argentinos famosos, como Di Stefano, Pedernera, Baez e Rossi no Eldorado colombiano em 1950. Em 1951, iniciou sua vitoriosa carreira de treinador no Bangu (onde foi posteriormente campeão em 1966), tendo depois treinado o Flu (campeão de 1964), Vasco (campeão de 1970), Flamengo, Coritiba, Botafogo, San Lorenzo da Argentina, São José (SP) e Internacional de Limeira (SP). Como treinador, foi um dos maiores estrategistas do futebol brasileiro.
Já como treinador, em Moça Bonita, teve o feeling de ver que na cidade paulista de Bauru raiava o maior astro de bola do mundo: Pelé. E Tim quis levá-lo para o Bangu, porém a família do futuro Rei não deixou. Como técnico, Elba às vezes era irônico. Um dia, fazendo peneira de candidatos, veio a ele um rapaz dizendo, para agradá-lo: "Não bebo, não fumo nem farreio". E Tim respondeu: "Pois você aqui vai aprender a fazer tudo isso".
Embora não fosse de falar dos colegas, há uma frase de Tim que define com acidez o atleta que o técnico Zezé Moreira havia sido: "Zezé cabeceava com os pés". Outra vem do escritor Luiz Eduardo Lages: após ouvir alguém falar que no estádio havia alambrado e vestiários, El Peón inquiriu: "E grama, tem?". Quando teve a confirmação, ele coseu com alfinete: "É só o que precisamos para jogar, o resto não interessa". Para Zizinho, Elba de Pádua Lima foi, disparadamente, o melhor técnico que apareceu no Brasil.
Esse treinador ainda cativaria os atletas na mesa, pois cozinhava bem - habilidade exercida com a mesma arte com que jogou e soube ensinar futebol. A culinária foi aprimorada graças à sua proverbial timidez, que o fazia fugir dos fãs, deixando-o em casa a ver a mãe e as irmãs (uma delas atendia pelo suave nome de Coréia) preparar as iguarias. Seu segredo era o tempero. E quem provou do que fez diz que a almôndega ao molho atraía tanto quanto a dobradinha. Daí, houve quem dissesse que Elba fora melhor cozinheiro que craque e treinador - um exagero desmedido, é claro.
Segundo os jornalistas Marcos de Castro e João Máximo, "seu melhor prato, entretanto, continuou sendo por muito tempo o futebol, servido todos os domingos à torcida do Fluminense". Sim, ele foi notável com os pés. E "o futebol faz parte da história particular de cada brasileiro da nossa época", dizia o poeta e cronista Paulo Mendes Campos, que jamais renunciou ao direito e ao prazer de sonhar com esse esporte, "por fidelidade à infância e por fidelidade ao orgulho inexplicável de ser brasileiro". No caso específico do El Peón, a sua bola era tanta que outra sumidade, Romeu Pellicciari - ressentido com a semifinal contra a Itália em 1938 -, revelou: "Se Tim tivesse jogado, nós ganhávamos". Nas três situações, portanto, são palavras abalizadas de quem sabe das coisas - e como.
Em 1982, foi treinador da seleção do Peru na Copa do Mundo.
Elba de Pádua Lima morreu no Rio em 7 de julho de 1984. Os seus legados ao futebol são a finta, a visão de jogo e o passe preciso, além da estratégia. A viúva herdou as duas filhas. E a História esta certeza de Domingos da Guia: "Eu nunca vi Tim errar".
Pelo Fluminense, este meia-apoiador, fez 71 gols em 226 partidas.
Tim comparava o futebol a um cobertor: "O futebol é como um cobertor: se você cobre a cabeça, descobre os pés; se cobre os pés, descobre a cabeça."
Fonte: Site do Fluminense, Wikipedia, "Os Artistas do Futebol Brasileiro" de Antonio Falcão
Era um grande driblador e sua jogada mais temida era quando partia com a bola dominada para cima de seu marcador. Seu característico corte seco para os dois lados deixava os adversários sem ação. Mesmo num pequeno espaço, sua colocação em campo o transformava num terrível abridor de defesas, seus passes desnorteavam os zagueiros e sua presença diante do gol fazia dele um goleador implacável. Era um craque completo.
Foi campeão brasileiro em 1935 e chegou à Seleção Brasileira no ano seguinte, consagrando-se no Sul-Americano de Buenos Aires como "El Peón" - apelido que ganhou da imprensa argentina por conduzir o time "como um peão conduz a manada".
Trata-se de mais um integrante do time tricampeão do Campeonato Carioca em 1936, 1937 e 1938 pelo Fluminense, entre outros títulos que veio a conquistar por este clube.
Tim disputou a Copa do Mundo de 1938 na França. Na Copa acabou na reserva, pois a ala esquerda preferida dos cartolas (botafoguenses, na sua maioria) era formada por Perácio e Patesko. Segundo Leônidas da Silva, na França, Tim vencia também a concentração, pulando a janela do hotel para farrear.
Fluminense de 1941: Em pé: Malazzo. Norival. Spinelli. Capuano. Renganeschi. Afonsinho e o técnico Ondino Vieira. Agachados: Pedro Amorim. Russo. Tim. Romeu e Carreiro.
Na volta, Tim viveu o apogeu de sua carreira, ganhando o bicampeonato de 1940 e 41 e sendo um dos heróis do famoso Fla-Flu decisivo de 1941, inesquecível devido às bolas que os atletas tricolores chutaram para a Lagoa Rodrigo de Freitas, para garantir o empate de 2 x 2 que lhes daria ao título.
Tim foi ainda ao Sul-Americano de 1942 e dois anos depois, já beirando os 30, deixou sua vaga na Seleção para Jair da Rosa Pinto. Jogou em 1944 no São Paulo e no ano seguinte novamente no Botafogo. Do Olaria carioca foi-se juntar a argentinos famosos, como Di Stefano, Pedernera, Baez e Rossi no Eldorado colombiano em 1950. Em 1951, iniciou sua vitoriosa carreira de treinador no Bangu (onde foi posteriormente campeão em 1966), tendo depois treinado o Flu (campeão de 1964), Vasco (campeão de 1970), Flamengo, Coritiba, Botafogo, San Lorenzo da Argentina, São José (SP) e Internacional de Limeira (SP). Como treinador, foi um dos maiores estrategistas do futebol brasileiro.
Já como treinador, em Moça Bonita, teve o feeling de ver que na cidade paulista de Bauru raiava o maior astro de bola do mundo: Pelé. E Tim quis levá-lo para o Bangu, porém a família do futuro Rei não deixou. Como técnico, Elba às vezes era irônico. Um dia, fazendo peneira de candidatos, veio a ele um rapaz dizendo, para agradá-lo: "Não bebo, não fumo nem farreio". E Tim respondeu: "Pois você aqui vai aprender a fazer tudo isso".
Embora não fosse de falar dos colegas, há uma frase de Tim que define com acidez o atleta que o técnico Zezé Moreira havia sido: "Zezé cabeceava com os pés". Outra vem do escritor Luiz Eduardo Lages: após ouvir alguém falar que no estádio havia alambrado e vestiários, El Peón inquiriu: "E grama, tem?". Quando teve a confirmação, ele coseu com alfinete: "É só o que precisamos para jogar, o resto não interessa". Para Zizinho, Elba de Pádua Lima foi, disparadamente, o melhor técnico que apareceu no Brasil.
Esse treinador ainda cativaria os atletas na mesa, pois cozinhava bem - habilidade exercida com a mesma arte com que jogou e soube ensinar futebol. A culinária foi aprimorada graças à sua proverbial timidez, que o fazia fugir dos fãs, deixando-o em casa a ver a mãe e as irmãs (uma delas atendia pelo suave nome de Coréia) preparar as iguarias. Seu segredo era o tempero. E quem provou do que fez diz que a almôndega ao molho atraía tanto quanto a dobradinha. Daí, houve quem dissesse que Elba fora melhor cozinheiro que craque e treinador - um exagero desmedido, é claro.
Segundo os jornalistas Marcos de Castro e João Máximo, "seu melhor prato, entretanto, continuou sendo por muito tempo o futebol, servido todos os domingos à torcida do Fluminense". Sim, ele foi notável com os pés. E "o futebol faz parte da história particular de cada brasileiro da nossa época", dizia o poeta e cronista Paulo Mendes Campos, que jamais renunciou ao direito e ao prazer de sonhar com esse esporte, "por fidelidade à infância e por fidelidade ao orgulho inexplicável de ser brasileiro". No caso específico do El Peón, a sua bola era tanta que outra sumidade, Romeu Pellicciari - ressentido com a semifinal contra a Itália em 1938 -, revelou: "Se Tim tivesse jogado, nós ganhávamos". Nas três situações, portanto, são palavras abalizadas de quem sabe das coisas - e como.
Em 1982, foi treinador da seleção do Peru na Copa do Mundo.
Elba de Pádua Lima morreu no Rio em 7 de julho de 1984. Os seus legados ao futebol são a finta, a visão de jogo e o passe preciso, além da estratégia. A viúva herdou as duas filhas. E a História esta certeza de Domingos da Guia: "Eu nunca vi Tim errar".
Pelo Fluminense, este meia-apoiador, fez 71 gols em 226 partidas.
Tim comparava o futebol a um cobertor: "O futebol é como um cobertor: se você cobre a cabeça, descobre os pés; se cobre os pés, descobre a cabeça."
Fonte: Site do Fluminense, Wikipedia, "Os Artistas do Futebol Brasileiro" de Antonio Falcão
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